Nós te amamos, Atalanta! (Foto: Corriere di Bergamo)

O que é amor para você? Cada um tem uma opinião particular. Este talvez seja o sentimento que consegue mexer com todas as nossas emoções ao mesmo tempo, de maneiras singulares e com referências diferentes, o que torna o amor algo único para cada pessoa. Erroneamente se fala que o futebol é uma paixão nacional. Paixão é algo intenso, mas passageiro, como um namoro de verão. Mas futebol vai além, é amor. Único, verdadeiro e para o resto da vida. A partir do momento em que você é escolhido definitivamente pelas cores de um clube, não há mais escolhas, dúvidas ou arrependimento. Há xingamentos, desespero, lágrimas e tristeza quando a bola não entra. Mas basta apenas o próximo toque na "gorduchinha" para voltarmos a gritar, sorrir, acreditar, vibrar e comemorar. Isso é amor. 
E o que é a Atalanta? É amor. O Atalanta Brasil nasceu há sete anos, em março de 2018, quando o clube disputava a Serie B com uma campanha irregular. O amor é bem anterior. Não se explica. E hoje, quando vemos a Dea quebrar recordes, obter campanhas impressionantes, voltar a uma competição europeia e jogar um futebol tão vistoso, podemos afirmar: nós te amamos, Atalanta!

A euforia do torcedor atalantino que lota o Estádio Atleti Azzurri d’Italia, que recepciona aos milhares os jogadores após uma vitória importante, que canta e aplaude o time mesmo nas derrotas, é totalmente compreensivo. Estamos vendo a melhor Atalanta de todos os tempos e isso não é pouca coisa. Com todo respeito ao time neroverde, mas a Atalanta não é um Sassuolo, que existe desde 1920 nas divisões semi-amadoras da Itália e obteve uma ascensão meteórica até conquistar a sexta colocação na Serie A e a participação na Europa League depois de ser adquirido pelo empresário milionário Giorgio Squinzi, dono da Mapei, uma das principais indústrias químicas da Itália. Os sassolesi que nem podem jogar em sua cidade porque o estádio não comporta as competições que disputa. 

A Atalanta é um time tradicional, com 110 anos de história, com 59 presenças na primeira divisão, jogadores importantes que vestiram sua camisa e um título da Coppa Italia. Mais do que isso, é o time de Bérgamo. É a equipe que consegue despertar o amor, a identificação, o orgulho da cidade, mesmo com a proximidade de um grande centro mundial, Milão, que possui dois dos principais clubes do mundo, o Milan e a Inter. Neste tempo todo, a resistência a alguns aspectos da modernização do futebol tem sido a principal bandeira desta torcida, que se acostumou a sofrer, mas nunca deixar de amar intensamente o neroazzurro.

E hoje vemos a Atalanta brilhar nos gramados da Itália e da Europa, mas não sabemos por quanto tempo. A especulação do mercado do futebol é grande, os jogadores são seduzidos por altas cifras e muitos vão seguir seus caminhos, como outros que já o fazem. É natural do futebol. Mas o que temos certeza é de que o amor e a devoção pela Atalanta continuarão os mesmos. 

Forza Atalanta!

Este é o primeiro de uma série de textos que o Atalanta Brasil traz neste período de pausa no Campeonato Italiano para analisar detalhadamente os últimos grandes feitos desta que é a melhor Atalanta de todos os tempos, como dito anteriormente. Fique ligado que nas próximas postagens vamos destrinchar como o elenco vencedor foi formado e depois readequado e também a importância do técnico Gian Piero Gasperini para este sucesso.
Atalanta bateu o recordes de pontos do clube na Serie A no primeiro turno (Foto: Repubblica)
Um conto de fadas. Assim pode ser definido o primeiro turno da Atalanta na Serie A. Comandados pelo experiente Gian Piero Gasperini, a equipe formada por vários jovens talentos das reconhecidas categorias de base de Zingonia venceu a desconfiança e um início de temporada ruim para entrar na história do clube. Com 35 pontos e ocupando a sexta colocação, os neroazzurri bateram o recorde histórico e fizeram a melhor primeira metade de campeonato de todos os tempos da Atalanta, colocando a equipe na briga pelas competições europeias.

Para começar, é preciso entender a montagem do elenco. Depois de uma temporada irregular, mas segura em 2015/2016, o presidente Antonio Percassi decidiu demitir o técnico Edoardo Reja, que não conseguiu levar o time ao patamar esperado, que seria brigar na metade superior da classificação. O escolhido para remontar o elenco neroazzurro foi Gian Piero Gasperini, técnico experiente, conhecido pelo estilo ofensivo e que vinha de três temporadas seguidas no comando do Genoa. O grande "achado" do último campeonato foi o volante Marten de Roon, contratado junto ao Heereveen, da Holanda, por  € 1,3 milhão, e negociado com o Middlesbrough, da Inglaterra, por € 15 milhões. Com dinheiro em caixa, a diretoria do clube resolveu renovar o elenco e apostar, principalmente, em jovens jogadores das categorias de base. Com isso, atletas como os atacantes Marco Borriello e Alessandro Diamanti não tiveram os contratos renovados e o experiente meia Luca Cigarini foi para a Sampdoria.

Sem de Roon e Cigarini, a grande dúvida era como seria montado o meio campo. Com o dinheiro da venda do volante holandês, a Atalanta investiu no ataque. O bergamasco Alberto Paloschi, com passagem de destaque pelo Chievo, foi contratado junto ao Swansea City, que disputa a Premier League. Também chegaram o zagueiro Ervin Zukanovic, da Roma; Abdoulay Konko e o goleiro Etrit Berisha, da Lazio; os atacantes Aleksandar Pesic, do Toulouse; e Bryan Cabezas, do Indepediente del Valle; além do volante ex-atalantino Alberto Grassi, do Napoli; e o meia Leonardo Spinazzola, da Juventus. Além das contratações, a Atalanta também decidiu apostar em jogadores que já pertenciam ao clube e estavam emprestados a times da Serie B, como Mattia Caldara e Frank Kessie (Cesena) e Andrea Petagna (Ascoli).

Kessie foi uma das apostas da Atalanta (Repubblica)
O começo da temporada não foi nada animador. Como de costume, Gasperini não teve medo de rodar o elenco e trocar o esquema tático a cada partida, mas os resultados continuaram não aparecendo. Foram quatro derrotas nas cinco primeiras rodadas e três pontos conquistados em 15 disputados. O desempenho ruim chegou a fazer a imprensa local especular sobre a demissão do treinador. O nome de Stefano Pioli, ex-Lazio e atualmente na Inter, chegou a ser cotado. Adepto dos três zagueiros, Gasp até testou quatro defensores na vitória diante do Torino, na terceira rodada. Grande aposta para a temporada, Paloschi não marcou nenhum gol com a camisa da Atalanta até hoje e o papel de protagonista coube ao jovem Frank Kessie, de apenas 19 anos. O volante marfinense não sentiu a pressão de jogar pela primeira vez na Serie A e marcou três gols nas três primeiras partidas do clube. A versatilidade do atleta se sobressaiu até mesmo no período ruim do time. Com muita velocidade, força física e sem medo de atacar, Kessie se tornou uma das grandes joias dessa nova Atalanta. Um volante moderno, que, ao lado de Roberto Gagliardini, de 22 anos, ocuparam praticamente todas as posições do meio campo, tanto defensivamente, como ofensivamente. A intensidade que os dois impõe para conduzir o time à frente e a recomposição rápida para defender foram algumas das principais características dos dois jovens jogadores, que se completam dentro de campo. Não por acaso a Inter investiu € 22 milhões em janeiro para tirar Gagliardini da Atalanta. Essa foi a maior negociação da história do clube.

Kessie na meia direita contra o Bologna (Foto: Corriere dello Sport)
Gagliardini na meia esquerda contra o Bologna (Foto: Corriere dello Sport)
Mapa de atuação de Kessie e Gagliardini juntos contra o Bologna (Foto: Corriere dello Sport)

O duelo contra o Crotone, pior equipe do campeonato, foi um divisor de águas, na sexta rodada. A Atalanta entrou em campo pressionada pelos maus resultados e um placar negativo poderia significar a demissão de Gasperini. No entanto, os neroazzurri aproveitaram a fragilidade do adversário para vencer com facilidade por 3 a 1. O triunfo marcou o início de uma arrancada histórica que fez a Dea quebrar o próprio recorde de pontuação no primeiro turno. Foram nove jogos seguidos sem perder, com incríveis 25 pontos conquistados de 27 disputados. Com vitórias diante de rivais importantes, como Napoli, Inter e Roma, além de um bom empate fora de casa diante da Fiorentina.

Gasperini acertou a Atalanta (Repubblica)
Gasperini saiu de besta para bestial em um passe de mágica e caiu nas graças da torcida. O treinador conseguiu fazer com que os jogadores assimilassem perfeitamente seu estilo preferido, que caiu como uma luva em Bérgamo. O time base começa a jogar no 3-4-2-1, com dois alas abertos no meio campo e dois pontas no ataque. Com muita intensidade e velocidade na recomposição, é comum que o esquema se transforme em um 5-4-1, com os dois alas fechando nas laterais e os pontas voltando para formar a primeira linha de marcação no meio campo. Por outro lado, com a mesma velocidade e troca de passes rápidos, a tática pode variar para um 3-4-3 extremamente ofensivo com a movimentação dos atletas pelos lados do campo.

Papu Gomez é o principal jogador da Atalanta (Repubblica)
O treinador atalantino não tem medo de testar. E quando o time está dando certo, as coisas tendem a dar certo também. Pela ala direita, Conti evoluiu bastante desde a última temporada. A força ofensiva sempre foi seu forte, mas conseguiu melhorar consideravelmente na defesa. Pelo mesmo lado, Gasperini testou até mesmo o brasileiro Rafael Tolói como peça surpresa para atacar. Do outro lado, Dramé começou a temporada como titular, mas, depois de uma lesão, perdeu o lugar para Leonardo Spinazzola que, apesar de ser destro, faz uma ótima tabela com o argentino Alejando "Papu" Gomez pelo setor. Aliás, Papu se consolidou como principal jogador da Atalanta. Com uma canhotinha de ouro, o camisa 10 atua espetado na ponta esquerda e, com muita habilidade e velocidade, deixa os rivais malucos. Uma das principais jogadas do baixinho é costurar a marcação na entrada da área e puxar para chutar da entrada da área. O jogador revelado pelo Arsenal de Sarandí também tem capacidade de inverter para o lado oposto e não tem medo de arriscar finalizações de fora da área e com o pé direito.

Rafael Tolói também testado como opção ofensiva contra o Milan (Foto: Corriere dello Sport)

Atuação de Papu Gomez contra o Empoli (Foto: Corriere dello Sport)

Também é importante destacar como Gasperini conseguiu extrair o melhor futebol do volante Jasmin Kurtic. O esloveno, com passagens por Palermo, Sassuolo, Torino e Fiorentina, era conhecido como um jogador "cintura dura", um meia para destruir os adversários. De fato, Kurtic é meio desengonçado, mas o treinador atalantino tem todos os méritos em observar que o cabeça de área poderia atuar mais à frente. E foi assim que o esloveno conseguiu render seu melhor futebol na carreira, às vezes quase como um ponta, com liberdade para atacar, mas, ao mesmo tempo, compondo a primeira linha de marcação quando a Atalanta não tem a bola. Dessa forma, e explorando a força do jogo aéreo, Kurtic já tem cinco gols no campeonato. Ele nunca havia marcado tantos gols em uma temporada antes.

Kurtic na facha central do meio contra o Bologna (Foto: Corriere dello Sport)
Kurtic variando entre as duas pontas contra a Inter (Foto: Corriere dello Sport)
Caldara chamou a atenção na defesa (Repubblica)
Com pelo menos quatro bons zagueiros no elenco, Gasperini decidiu fazer um esquema de rodízio. A mistura de experiência com juventude tem dado muito certo em um dos setores mais criticados nos últimos anos. Rafael Tolói, Andrea Masiello e Ervin Zukanovic são bons no combate, mas precisam de proteção para atuarem mais tranquilamente. Apesar da boa técnica, o trio é facilmente batido no mano a mano. O quarto elemento é Mattia Caldara. Com apenas 22 anos, o jogador retornou depois de empréstimos ao Cesena e Trapani, na Serie B, e simplesmente ganhou a posição no centro da área. As atuações firmes e a boa saída de bola com os pés chamaram a atenção da Juventus, que já contratou o zagueiro em uma transição que pode chegar a € 21 milhões. Gian Piero Gasperini costuma montar suas equipes com três zagueiros e na Atalanta não foi diferente. Dessa forma, o trio defensivo tem mais proteção do meio campo e, principalmente, dos alas Andrea Conti e Leonardo Spinazzola, que fecham como laterais formando uma parede de cinco jogadores na última linha de marcação.

Petagna tem sido fundamental no ataque (Repubblica)
Finalmente, no ataque mais um jogador jovem chamou a atenção. Gasp começou a temporada apostando em Paloschi, o grande nome da última janela de transferências. No entanto, o atacante bergamasco não conseguiu render bem no esquema do treinador, onde o atacante não é protagonista, com as variações dos meias e alas. Mauricio Pinilla, que não conta com a simpatia de Gasperini, teve poucas oportunidades. Foi então que apareceu Andrea Petagna, de 21 anos. Revelado nas categorias de base do Milan, o centroavante rodou por Sampdoria, Vicenza e Ascoli, antes de chegar a Bérgamo. Depois de fazer dois gols seguidos contra Crotone e Napoli, o atleta ganhou de vez a posição. São quatro, no total até agora. Como dito antes, na Atalanta o atacante não é protagonista. Mesmo sem fazer muitos gols, Petagna tem sido fundamental. Com muita força física e técnica, Petagna tem a ótima capacidade de proteção da bola com o corpo. Não são raros os momentos em que o avançado carrega a marcação com ele e abre espaço para a subida dos meias. Hoje parece impensável que o garoto deixe a posição.

Gasperini começou em baixa, mas soube muito bem aproveitar o material humano que possui, trabalhar com os jovens e colocar na cabeça do elenco que é possível se divertir e ainda sonhar grande. Ele é um treinador que não tem títulos no currículo, mas é conhecido pelo estilo de jogo ofensivo, que caiu como uma luva em uma Atalanta desacreditada e sem perspectiva. A geração certa de jogadores com o treinador certo. O próximo desafio de Gasp é trabalhar para manter a pegada no segundo turno. Sem Gagliardini, negociado com a Inter, e Kessie por um mês, na Copa Africana de Nações, o técnico já disse que precisa de reforços se quiser pensar em Europa. Agora a palavra está com a diretoria, que tem dinheiro em caixa.

Nas próximas postagens, vamos falar sobre a origem desses jogadores que estão chamando a atenção do futebol italiano com a melhor campanha da Atalanta na história do Campeonato Italiano.

Mercado de transferências trouxe bruscas mudanças na Atalanta (Foto: La Repubblica)
O último dia da janela de transferências de verão na Europa manteve a tradição de muitas movimentações nos clubes. A Atalanta chegou ao dia 31 de agosto com nenhum ponto conquistado nas duas primeiras rodadas da Serie A e com a cobrança por contratações de jogadores que possam ajudar a mudar esta situação. As saídas de atletas importantes como os meias Marten De Roon e Luca Cigarini mexeram com a espinha dorsal da equipe. No entanto, o pior início de campeonato da Dea desde o último rebaixamento à Serie B, em 2009/10, ascenderam o sinal de alerta na casa neroazzurra.

Confira abaixo os principais movimentos da Atalanta na janela de transferências:

QUEM CHEGA


Alberto Paloschi – Swansea/ING: atacante (d)
Bryan Cabezas - Independiente del Valle/EQU: ala esquerdo (d)
Ervin Zukanovic – Roma: defensor (e)
Abdoulay Konko – Lazio: lateral direito (g)
Aleksandar Pesic – Toulouse/FRA: atacante (e)
Leonardo Spinazzola – Juventus: meia (e)
Alberto Grassi – Napoli: meia (e)
Etrit Berisha – Lazio: goleiro (e)
Franck Kessie – Cesena: meia (fe)
Emanuele Suagher – Carpi: defensor (fe)
Andrea Petagna – Ascoli: atacante (fe)

QUEM SAI

Marten De Roon – Middlesbrough/ING: meia (d)
Luca Cigarini – Sampdoria: meia (d)
Marco Borriello – Cagliari: atacante (g)
Leonardo Gatto – Ascoli: ala direita (e)
Boris Radunovic – Avellino: goleiro (e)
Simone Emmanuello – Pro Vercelli: meia (e)
Davide Brivio – Genoa: lateral esquerdo (d)
Stefano Cason – Ternana: defensor (e)
Michele Canini – Parma: defensor (e)
Guido Marilungo – Empoli: atacante (e)
Salvatore Molina – Avellino: meia (e)
Luigi Giorgi – Ascoli: meia (d)
Constantin Nica – Latina: lateral direito (e)
Berat Djimsiti – Avellino: defensor (e)
Cristiano Del Grosso – SPAL: lateral direito (e) 
Gaetano Monachello – Bari: atacante (e)
Matteo Ardemagni – Avellino: atacante (d)
Luca Valzania – Cittadella: meia (e)
Matteo Contini – Ternana: defensor (e)
Nicolò Cherubin – Bologna: defensor (fe)
Serge Gakpé – Genoa: atacante (fe)
Alessandro Diamanti – G. Evergrande/CHN: atacante (fe)
Gabriel Paletta – Milan: defensor (fe)

ANÁLISE DO MERCADO

Paloschi (Foto: Atalanta.it)
A chegada de Alberto Paloschi logo no início da janela de transferências animou o torcedor atalantino com possíveis reforços de peso para a nova temporada. No entanto, as saídas de De Roon e Cigarini sem peças de reposição à altura e o início ruim de campanha na Serie A tiram o sono dos neroazzurri. O último dia para contratações fez a Atalanta movimentar todos os setores do campo. A diretoria resistiu às investidas do Sassuolo por Papu Gomez e trouxe o desconhecido Aleksandar Pesic, do Toulouse, da França, para reforçar o setor ofensivo. O bósnio tem 24 anos e passou pelas seleções de base de seu país. No entanto, o que mais chama a atenção é o baixíssimo número de gols do jogador. Com a camisa do Toulouse, foram apenas oito em 65 partidas. O atleta chega com a desconfiança natural e sendo obrigado a aproveitar as poucas oportunidades que deve ganhar.

Pinilla é o atacante mais experiente (Foto: Magni/Eco di Bergamo)
Aliás, o setor é um dos que mais sofreu mudanças neste processo de renovação do elenco. Dos quatro centroavantes de ofícios, apenas Mauricio Pinilla estava na temporada passada. Além de Paloschi e Pesic, o outro jogador da posição é o jovem Andrea Petagna, cria das categorias de base da Atalanta e que volta de empréstimo após boa passagem pelo Ascoli, na Serie B. O ataque será bastante cobrado durante o campeonato, independente de quem seja o titular. A contratação de Paloschi aumentou a expectativa por gols e a mescla da experiência com juventude é a grande aposta do técnico Gian Piero Gasperini.

Cabezas é a grande aposta para o futuro (Foto: Atalanta.it)
Para auxiliar os atacantes, o treinador demonstrou que vai usar dois pontas. Talvez aí esteja um dos pontos chave da equipe. Papu Gomez é soberano pela esquerda, mas a disputa pelo lado direito está completamente aberta. Marco D’Alessandro larga na frente, mas Gasperini tende a testar vários nomes na posição. O novato Bryan Cabezas, vice-campeão da Taça Libertadores com o Indepediente del Valle, do Equador, é a grande esperança. No entanto, o garoto tem apenas 19 anos e não dá para jogar todas as fichas no equatoriano. Desde a saída de Maxi Moralez, no meio do último campeonato, ninguém conseguiu se fixar na posição. É preciso velocidade e qualidade de passe para atuar pela ponta, mas são características difíceis de se encontrar no elenco. Spinazzola ganhou algumas chances e não agradou, mas ainda é muito cedo.

Grassi volta com grande responsabilidade (Foto: Atalanta.it)
No meio campo, a saída de Cigarini foi extremamente sentida. Apesar dos três gols de Kessié, faltava um volante com classe, que defendesse e, ao mesmo tempo, tivesse boa visão de jogo. Para isso, a diretoria acertou o retorno de Alberto Grassi. Cria da base atalantina, Grassi fez uma grande primeira metade de temporada em 2015/16 e foi negociado com o Napoli. Sem espaço no Sul, não entrou em campo pelo clube napolitano e acertou o empréstimo para Bergamo. No entanto, também não dá para apostar todas as fichas em Grassi. Apesar de pertencer a um grande clube, o volante tem apenas 21 anos e vem de um longo período sem jogar. Não dá para esperar que ele seja logo o Cigarini ou mesmo o Grassi de um ano atrás, embora esta seja a esperança.

Zukanovic foi a única contratação para a defesa (Foto: Atalanta.it)
Outro setor de extrema importância é a defesa. Dois jogadores importantes foram embora (Cherubin e Paletta). Não que eles fossem exímios zagueiros, mas apenas a chegada do instável Ervin Zukanovic, da Roma, é outro motivo de preocupação para a torcida. Desde que retornou à Serie A, há cinco anos, a Atalanta não tem o costume de atuar com três zagueiros. O elenco do clube não é preparado para isso. Mas é assim que Gasperini tem costume de trabalhar. Apesar de não ter nenhum líbero, a aposta do treinador é no trio formado por Masiello, Rafael Tolói e Zukanovic. Os três não têm velocidade e técnica para jogarem sozinhos atrás, embora o brasileiro tenha evoluído bastante desde que chegou. E com os constantes cartões e lesões, não serão raros os momentos de emergência no setor. Aí mora outro problema: as poucas opções. O veterano Stendardo não tem a confiança do técnico e a responsabilidade deve cair sobre os jovens Caldara e Suagher ou nos improvisos de posição. É para se prestar atenção. Não por acaso a Atalanta levou seis gols nos dois primeiros jogos da Serie A.

Sportiello continua depois de uma novela (Foto: Magni/Eco di Bergamo)
Encerrando a análise das transferências, está a maior novela do período. O goleiro revelação Marco Sportiello foi dado como certo fora da Atalanta. Primeiro, o Napoli namorou o camisa 57 durante a janela, mas os valores não agradaram à diretoria atalantina. No último dia, um diretor chegou a declarar que Sportiello não continuava em Bergamo enquanto as negociações avançavam com a Fiorentina. As falhas em claras faltas de atenção nas duas primeiras rodadas do Campeonato Italiano aumentaram os rumores de que o goleiro não estava com a cabeça em Bergamo. Para completar, a Atalanta acertou a contratação do bom Etrit Berisha, titular no gol da Albânia na última Eurocopa, junto à Lazio. No entanto, de última hora, as negociações com a Fiorentina desandaram e Sportiello continua vestindo a camisa neroazzurra. Agora é esperar para saber como Gasperini vai administrar este pepino. Ele tem pelo menos três goleiros de muito bom nível, se contando com o reserva Davide Bassi. 

De fato, a Atalanta se reforçou em setores importantes, mas o último dia da janela de transferências não trouxe nenhum nome de peso. O processo de renovação é evidente, mas não dá para negar que bate um certo receio na torcida. Os jovens que chegam terão pouco tempo para encaixar. Claramente, o objetivo é a médio prazo, com Gasperini implantando um novo esquema tático (3-4-3), mas é preciso tempo para tudo dar certo. Talvez seja exatamente o que a Dea não tenha: tempo. O objetivo para esta temporada é não ser rebaixado, mas é esperado uma evolução. Não dá para esperar muito agora, mas a cobrança vai ser grande.


ELENCO DA ATALANTA

GOLEIROS

57 – Marco Sportiello

Nascimento: 10/05/1992
Cidade: Desio, Itália
Altura: 1,92 m
Peso: 87 kg
Jogos na carreira: 185
Gols sofridos: 213

- Etrit Berisha

30 – Davide Bassi

47 – Stefano Mazzini

DEFENSORES

3 – Rafael Tolói (zagueiro)

Nascimento: 10/10/1990
Cidade: Gloria D'Oeste, Brasil
Altura: 1,85 m
Peso: 75 kg
Jogos na carreira: 340
Gols: 31




6 – Ervin Zukanovic (zagueiro)

Nascimento: 11/02/1987
Cidade: Sarajevo, Bósnia e Herzegovina
Altura: 1,89 m
Peso: 85 kg
Jogos na carreira: 275
Gols: 21

5 – Andrea Masiello (zagueiro/lateral esquerda)

13 – Mattia Caldara (zagueiro)

23 – Emanuele Suagher (zagueiro/lateral esquerda)

2- Guglielmo Stendardo (zagueiro)

93 - Boukary Dramé (lateral esquerda/meia esquerda)

24 – Andrea Conti (lateral direita/meia direita)

25 – Abdoulay Konko (lateral direita/meia direita)

MEIAS

19 – Franck Kessié (meia/volante)

Nascimento: 19/12/1996
Cidade: Ouragahio, Costa do Marfim
Altura: 1,83 m
Peso: 73 kg
Jogos na carreira: 40
Gols: 8

27 – Jasmin Kurtic (volante/meia)


88 – Alberto Grassi (volante/meia)

Nascimento: 07/03/1995
Cidade: Brescia, Itália
Altura: 1,83 m
Peso: 75 kg
Jogos na carreira: 18
Gols: 0

11 – Remo Freuler (volante/meia)

17 – Carlos Carmona (volante/meia)

4 – Roberto Gagliadirni (volante/meia)

8 – Giulio Migliaccio (volante/meia)

77 – Cristian Raimondi (meia direita/lateral direita/zagueiro)

37 – Leonardo Spinazzola (meia esquerda/lateral esquerda/ponta direita)

10 – Alejandro “Papu” Gomez (ponta esquerda/atacante)

Nascimento: 15/02/1988
Cidade: Buenos Aires, Argentina
Altura: 1,65 m
Peso: 68 kg
Jogos na carreira: 348
Gols: 55




52 – Bryan Cabezas (ponta esquerda/atacante)

Nascimento: 20/03/1997
Cidade: Quevedo, Equador
Altura: 1,82 m
Peso: 72 kg
Jogos na carreira: 68
Gols: 4

7 – Marco D’Alessandro (ponta direita/atacante)

ATACANTES

43 – Alberto Paloschi

Nascimento: 04/01/1990
Cidade: Chiari, Itália
Altura: 1,82 m
Peso: 80 kg
Jogos na carreira: 245
Gols: 69

- Aleksandar Pesic

51 – Mauricio Pinilla

29 – Andrea Petagna

TÉCNICO

Gian Piero Gasperini

Nascimento: 25/01/1958
Cidade: Grugliasco, Itália
Altura: 1,77 m
Ex-clubes: Crotone (2003/2006), Genoa (2006/2011 e 2013/2016), Internazionale (2011/2012), Palermo (2012/2013)
Paloschi e Kessie são duas das principais apostas para a temporada (Foto: Repubblica.it)

A temporada 2016/17 começa com incertezas para a Atalanta. Gian Piero Gasperini chegou para ser o novo comandante da equipe. Desgastado, Edy Reja deixou Bérgamo depois de um ano com mais sustos do que se previa, mas a mentalidade ofensiva aparentemente deve continuar. Pelo menos é o que foi demonstrado na primeira rodada do Campeonato Italiano, na derrota por 4 a 3 para a Lazio, em casa. Apesar do resultado negativo, o time mostrou poder de reação em um esquema tático com três zagueiros e três atacantes. No entanto, existem vários ajustes a serem feitos, principalmente no meio campo e na parte defensiva. Nos últimos anos, Stefano Colantuono também tentou implantar o 3-4-3, mas a movimentação dos defensores sempre foi um ponto fraco.

Em uma visão geral, mais do que incertezas, este novo ciclo da Atalanta representa uma aposta. Aliás, várias apostas. A primeira, em um treinador que vem de um longo trabalho no Genoa com altos e baixos; A segunda, em jogadores jovens e que voltam de empréstimo de clubes menores, ao contrário do último campeonato, quando atletas experientes como Borrielo, Pinilla, Diamanti, Stendardo e Bellini foram a tônica; E a terceira, em um esquema ofensivo que investe nos pontas em velocidade, como vem sendo tradição no clube nos últimos anos.

ATAQUE

Chegada de Paloschi à Atalanta (Foto: Divulgação)
No campo das contratações, o atacante Antonio Paloschi, ex-Chievo e Milan, retorna à Itália depois de uma passagem frustrada pelo Campeonato Inglês, onde atuou pelo Swansea. O jogador é o principal investimento da Atalanta para a temporada e chegou prometendo marcar pelo menos 13 gols. É um atleta ágil, de velocidade e com ótimo posicionamento na área. Uma ótima opção após a saída de German Denis na última temporada. No entanto o setor ofensivo carece de mais opções que podem fazer a diferença e com características diferentes.

Marco Borrielo (Foto: Corriere di Bergamo)
Importante na reta final do último campeonato, o experiente Marco Borrielo não agradou a diretoria, que preferiu não renovar o contratado com o centroavante. Já Mauricio Pinilla, conhecido pelos gols acrobáticos, também pode estar com os dias contados em Bérgamo. O chileno disse que queria continuar na Atalanta ao final da temporada passada, mas a chegada de Gasperini pode ser determinante para a saída do atacante. Os dois tiveram desentendimentos quando estavam no Genoa e o jogador se mostrou desconfortável com a contratação do desafeto. Apesar de alguns darem como certa sua saída para retornar ao Genoa, o presidente, Antonio Percassi, e o diretor esportivo, Giovanni Sartori, trabalham para convencer Pinilla a continuar vestindo neroazzurro. Caso o chileno realmente saia da Atalanta, será uma perda enorme. Além de experiência, o jogador é uma referência para os mais novos e costuma marcar gols importantes, embora fisicamente não esteja mais 100%, é uma ótima opção para o banco.

Enquanto isso, Gasperini dá sinais de que vai escalar o time com Paloschi no meio da área, Papu Gomez na ala esquerda, e uma briga entre alguns jogadores pela posição na direita: D'Alessandro e os recém-chegados Andrea Petagna (volta de empréstimo do Ascoli), Leonardo Spinazzola (empréstimo da Juventus após passagem pelo Trapani), Bryan Cabezas (contratado junto ao Independiente del Valle, do Equador) e Marco D'Alessandro.


MEIO CAMPO

De Roon chega ao Middlesbrough (Foto: Divulgação)
Talvez o setor mais preocupante para a Atalanta seja o meio campo. O holandês Marten De Roon foi um verdadeiro achado na última temporada. Contratado junto ao Heereven, o volante chegou a Bergamo e ganhou o meio de campo da equipe com muita personalidade. Foi um dos principais ladrões de bola da Serie A e considerado uma das grandes revelações do Campeonato Italiano. Além da classe em campo, ganhou o carinho da torcida por causa da raça que demonstrou em cada dividida. Porém, a qualidade de De Roon chamou a atenção de vários clubes e o atleta foi negociado por 14 milhões de euros para o Middlesbrough, da Inglaterra. Uma perda sofrida, mas compreensível pelo nível do jogador.

Com o dinheiro, se esperava que a diretoria pudesse manter outros nomes importante e até contratar uma peça de reposição à altura. Mas os torcedores foram surpreendidos poucos dias depois com a negociação com a Sampdoria de Luca Cigarini, uma bandeira do clube e jogador fundamental para dar o equilíbrio no meio campo ao lado de De Roon. Cigarini é um volante com classe, que distribui bem o jogo, tem boa visão para encontrar seus companheiros e, ao mesmo tempo, faz o trabalho defensivo.

Kessie (Foto: Corriere di Bergamo)
Nenhum jogador de peso chegou para recompor o setor e, assim como no ataque, Gasperini aposta em nomes menos conhecidos. É o caso de Franck Kessie, que estreou marcando dois gols contra a Lazio, e Andrea Conti, que deve ganhar mais espaço entre os titulares. Na contramão desta vertente, a Atalanta também acertou a contratação do experiente ala direito Abdoulay Konko, desvinculado da Lazio e que chega a custo zero.

Apesar das apostas, o meio campo da Atalanta não tem nomes em quantidade e qualidade para aguentar um dos campeonatos mais duros da Europa. Assim como Grassi e De Roon chegaram pouco conhecidos e ganharam o meio campo bergamasco, Kessie pode surpreender também, mas é uma responsabilidade muito grande para o garoto de 19 anos dividir com Kurtic, que tem mais experiência, mas não a mesma qualidade.


DEFESA

Rafael Tolói (Foto: Eco di Bergamo)
Sempre com jogadores medalhões nas últimas temporadas, a defesa da Atalanta perdeu Gabriel Paletta e Nicolo Cherubin, que retornaram de empréstimo para Milan e Bologna, respectivamente, além do eterno capitão Gianpaolo Bellini, que anunciou a aposentadoria. As chegadas para o setor seguiram a mesma discrição do restante da equipe. A única contratação, de fato, foi de Ervin Zukanovic, emprestado pela Roma depois de altos e baixos na Capital Eterna. Junto com Rafael Tolói e Andrea Masiello, o bósnio deve fazer o trio defensivo de Gasperini. Especulado em clubes da Serie B, o veterano Guglielmo Stendardo, de 35 anos, continua como opção. O veterano tem um importante papel de liderança e, apesar da idade, costuma ser dos mais lúcidos em campo quando entra. Uma peça fundamental para o equilíbrio do setor, que também conta com apostas. O albanês Berat Djimsiti chegou a Bergamo no meio da última temporada e foi pouco aproveitado por Reja, mas agora deve ganhar mais espaço e entrosamento. Outros jovens também completam o quadro de defensores da Atalanta. Mattia Caldara retorna de empréstimo do Cesena, onde fez uma ótima campanha na segunda metade da Serie B 2015/16, enquanto Emanuele Suagher regressa do Carpi, que foi rebaixado na Serie A, mas fez um campeonato muito digno, principalmente no segundo turno.

Marco Sportiello (Foto: Corriere di Bergamo)
Finalmente, no gol, parece que Marco Sportiello deve continuar como titular da meta atalantina. O goleiro foi um dos principais alvos de especulações no mercado de transferências da Itália até o momento. Ele recebeu um forte assédio do Napoli, que chegou propor trocar o jogador pelo também promissor Luigi Sepe, que se destacou pelo Empoli há duas temporadas, mais alguns milhões de euros. Sartori continua dizendo que, ao lado de Papu Gomez, Sportiello é um dos “invendíveis” do clube nesta janela.

O QUE ESPERAR

O objetivo da Atalanta continua ser não cair para a Serie B sem nenhum susto. Se puder brigar na metade de cima da classificação, seria muito bom. Porém, a Dea passa por um processo de renovação que está apenas no início. Muitas das apostas de Gasperini não vão prosperar, mas aquelas que derem certo serão importante para o clube fazer caixa e dar espaço para os talentos das suas famosas categorias de base. Não dá para esperar muita coisa do time para esse início de trabalho. Gasperini tem a confiança da diretoria e da torcida, mas não pode, em momento nenhum, perder de vista a coisa mais importante para os tifosi neroazzuri: a raça, a vontade de ganhar e a doação pela camisa, acima de tudo, principalmente em casa, no Estádio Atleti Azzurri d’Italia.
Atalanta não consegue reagir na Serie A e vive pior crise na temporada (Foto: Paolo Magni/Eco di Bergamo)
A Atalanta vive o pior momento no campeonato. São 12 partidas seguidas sem vencer, com seis derrotas e seis empates. Pior campanha e única equipe que não conseguiu ganhar nesse período entre todos os participantes da Serie A. O pífio aproveitamento de 16,6% não passa nem perto dos 50% nas primeiras 16 rodadas da competição. A queda brusca de produção começou na derrota fora de casa para o Chievo, por 1 a 0, no dia 13 de dezembro, e seguiu com um revés normal contra o Napoli, fechando o ano de 2015. A partir de então, um fator importante entrou em cena: o mercado de transferências de inverno. Foram apenas três saídas de jogadores importantes, mas uma, em especial, foi capaz de agravar os problemas dos neroazzurri. O atacante German Denis voltou à Argentina, mas estava amargando a reserva ultimamente. O jovem volante Alberto Grassi tem potencial para chegar à Seleção Italiana e fez uma primeira metade de campeonato muito boa. Além de ser ótimo ladrão de bolas, possui uma visão de jogo acima da média para armar e aparecer à frente. Apesar de precoce, a saída do garoto para o Napoli não representa um grande problema para um meio campo que tem bons valores como Cigarini, De Roon e Kurtic. No entanto, o time ainda não conseguiu absorver taticamente a saída do meia-atacante Maxi Moralez, negociado com o León, do México.

O baixinho de apenas 1,60 m chegou a Bergamo em 2011 para a primeira temporada da Dea no retorno à Serie A. Com uma passagem frustrada pelo FC Moscou em 2007, então com apenas 20 anos, o argentino voltou ao futebol europeu pela Atalanta, depois de três ótimos anos atuando pelo Velez Sarsfield. Assim como qualquer talento estrangeiro, foi para a Atalanta buscando chegar a uma equipe maior na sequência. Passou quatro temporadas e meia vestindo a camisa neroazzurra e, talvez, não tenha desenvolvido todo seu potencial por ter sido mal aproveitado pelo então técnico Stefano Colantuono. O ex-comandante, conhecido pela retranca, costumava usar o esquema 4-4-1-1, com dois alas abertos no meio e Moralez fazendo a ligação ao ataque. Mas foi com Edy Reja que o argentino encontrou seu melhor momento na Itália. Com mentalidade ofensiva, Reja é adepto do 4-3-3, com dois atacantes abertos nas pontas. Foi nesse sistema, sendo o homem pela direita, fazendo dupla com Papu Gómez, na esquerda, que Maxi encontrou o ápice.

Movimentação de Moralez em Atalanta x Carpi (18/10/2015)
Moralez e Gómez são jogadores de baixa estatura, mas que correm bastante e se movimentam o tempo todo. Não eram raros os momentos que os dois, bem entrosasdos, invertiam de posição para dificultar a marcação. Como mostra os mapas de calor abaixo do site Corriere dello Sport, Moralez costumava ocupar grande parte do setor ofensivo. Bem diferente de D'Alessandro, substituto natural do meia-atacante. O jogador também atuou na ponta direita em quatro partidas, mas, como mostra o mapa de calor, o italiano fica mais plantado na lateral direita de ataque. Contratado em janeiro, Alessandro Diamanti é quem mais se aproxima das características de Moralez. O veterano foi titular em três jogos e mostrou uma boa movimentação em campo, também caindo pelo lado esquerdo. No entanto, o ex-jogador de Bologna e Fiorentina ainda carece de entrosamento com os novos companheiros. Edy Reja chegou a testar o 3-5-2 por algumas rodadas, mas o time não se adaptou a nova formação. O experiente treinador bate cabeça para fazer a equipe voltar aos trilhos, mas, a essa altura da crise, falta confiança aos jogadores que têm medo de errar.

Movimentação de D'Alessandro contra a Udinese (06/01/2016)
Movimentação de Diamanti contra o Verona (03/02/2016)
Contra o Carpi, no último final de semana, a Atalanta foi novamente um time engessado em campo. Perdeu a sua principal arma que era a velocidade pelos lados do campo. Com a lesão de Papu Gómez, esse quadro ficou ainda mais generalisado. Contra uma das piores equipes do campeonato, a Dea ficou refém dos lançamentos longos em uma partida travada com mais de 50 faltas. Mesmo assim, os neroazzurri conseguiram abrir o placar, mas cederam o empate em um pênalti infantil cometido por Borriello. Falhas que não são aceitáveis em um torneio tão disputado como a Serie A e que, se não fosse pelo ótimo início, poderiam (e ainda podem) custar muito caro à Atalanta. As conversas na imprensa italiana dando conta da saída de Reja já começaram, mas é difícil imaginar uma solução rápida para um time que se enfraqueceu tanto após o mercado de transferências de janeiro.
German Denis, o maior artilheiro estrangeiro da história da Atalanta (Foto: Paolo Magni/Eco di Bergamo)
O futebol é tão inexplicável quanto apaixonante. E nessa relação, não tenho medo de estar exagerando. O futebol e o time de futebol são duas das paixões mais intensas e verdadeiras que uma pessoa pode sentir. Você pode trocar de marido ou esposa, pode trocar de emprego, casa, cidade, brigar com a família, ser rico, pobre... Você nunca vai abandonar as cores do seu time e seu amor pelo futebol, pois essas não são coisas racionais. Esse sentimento vem de dentro para fora, como se você fosse escolhido para vestir essa camisa. E uma vez vestido, você não troca nunca mais até a morte. É tão profundo quanto sem sentido. Quem ama não enxerga mais nada. E esse é um casamento para toda a vida. E dia 30 de janeiro de 2015 vai ficar marcado para sempre para mim. Não tenho ídolos no futebol ou fora dele, mas pessoas que eu admiro. Foi nessa data que um dos melhores jogadores que eu vi jogar no meu time se despediu para retornar à terra natal. Messi? Cristiano Ronaldo? Neymar? Na verdade, historicamente ele representa menos até do que o Gervinho, com todo respeito ao marfinense, que já atuou pelo Arsenal, Roma e em duas Copas do Mundo. Porém, história se faz com muito mais do que com o nome. Estou falando de German Gustavo Denis.

O nome pode não ser conhecido do grande público, mas Denis se colocou na história da Atalanta. Ao todo, foram 4 anos e meio vestindo a maglia neroazzurra e 56 gols marcados. Números que levam o argentino para o topo do ranking dos maiores artilheiros estrangeiros de todos os tempos da equipe bergamasca. Mais do que isso, il Tanque, como ficou conhecido, honrou a camisa que vestiu em todas as vezes que entrou em campo, seja nos momentos bons ou ruins. Sem querer, Denis se tornou o maior símbolo do ressurgimento da Atalanta após o rebaixamento na temporada 2009/2010. Ao mesmo tempo, ele fez ressurgir a própria carreira. Saiu da Argentina pela primeira vez com 21 anos, em 2002, quando deixou o pequeno Los Andes para se aventurar na terceira divisão italiana pelo Cesena. Não deu certo e retornou para casa. Rodou pelo Arsenal de Sarandí, Colón, mas foi no Independiente que o atacante se destacou. Foram 37 gols em 70 partidas entre 2006 e 2008. O desempenho chamou a atenção do Napoli, que contratou a nova promessa. Porém, a responsabilidade pesou sobre Denis, que não conseguiu render bem. Em 63 jogos, fez 13 gols. Foi negociado com a Udinese, mas foi pior ainda. Somente quatro gols marcados em uma temporada inteira.

Então surgiu a oportunidade de um recomeço na Itália. No dia 24 de agosto de 2008, German Denis se despediu da Udinese em uma melancólica derrota por 2 a 1 em casa para o Arsenal, que eliminou os bianconeri na fase preliminar da Champions League. A Atalanta vivia um momento de grande incerteza e pouca credibilidade. A alegria pelo título da Serie B em 2010/2011 e o retorno à elite do futebol italiano se tornou dúvida quando o maior artilheiro e um dos maiores ídolos da história do clube, Cristiano Doni, admitiu ter participado do escândalo de manipulação de resultados conhecido como Calcioscommesse. A cidade inteira de Bergamo e todos os torcedores fizeram uma grande campanha contra as acusações a Doni até ele se declarar culpado. O ex-ídolo foi banido do futebol por 5 anos e seis meses e encerrou a carreira no fundo do poço. De quebra, a Atalanta começou o campeonato com seis pontos negativos de punição por causa do envolvimento no Calcioscommesse.

O então técnico Stefano Colantuono, juntamente com o presidente Antonio Percassi e o diretor de futebol Pierpaolo Marino, apostaram em uma mistura de jovens, como Bonaventura, Schelotto, Moralez e Gabbiadini, com nomes mais experientes, como Cigarini, Lucchini, Masiello, Stendardo e Denis. E deu certo. Apesar da punição, a Atalanta terminou na ótima 12ª colocação (9ª colocação sem a punição) e German Denis chamou a responsabilidade marcando 16 gols. Nas duas temporadas seguidas, Il Tanque fez 15 e 13 gols, respectivamente, e ajudou a Dea a escapar do rebaixamento com tranquilidade.

Criei o Atalanta Brasil durante a disputa da Serie B, exatamente no dia 04 de março de 2011. O objetivo nunca foi ser "modinha" ou da "modinha de ser do contra". Minha primeira lembrança de algum jogo do futebol italiano foi um Roma 1 a 0 na Atalanta na temporada 2000/2001. Então com 7 anos, o que me chamou a atenção foi a cor do uniforme do time que perdeu. Uma linda combinação de azul e preto. Talvez se estivessem jogando Roma e Inter, eu hoje seria torcedor da Inter. Mas não foi. Desde então, comecei a acompanhar o time à distância. Mas em 2011 resolvi entrar de cabeça nessa paixão em seguir todos os jogos, as notícias e o que for relacionado à Atalanta. De 2011 até hoje, muita coisa mudou na minha vida. Sai da minha cidade para morar sozinho longe da família, me formei em jornalismo (algo que o Atalanta Brasil contribuiu) e trabalho na área (o que o Atalanta Brasil também ajudou). Vivi histórias incríveis, decepções, amores, desamores, alegrias, perdas, medos e tenho meus fantasmas. Mas uma coisa nunca mudou nesse tempo: meu amor pela Atalanta. Esse time me deu até amigos na Itália. Apesar dos contratempos, o Atalanta Brasil continua vivo por cinco anos. Não importa como estou me sentindo, quando sento em frente ao computador para ver uma partida da Atalanta, todo o resto parece se tornar pequeno. Todos os gritos aos domingos de manhã, todos os xingamentos pelos erros, toda as decepções pelas derrotas, todas as comemorações pelas vitórias. Todos os gols. Tudo se resume ao amor.

Obrigado, Denis, por ser um dos protagonistas dessa história e também por fazer parte da minha.

Aldir Junior de Sales Gomes 
Editor do Atalanta Brasil

Abaixo seguem os vídeos com os gols de Denis pela Atalanta, além da festa feita pela torcida da Atalanta na despedida do Tanque.











Stendardo comemora o primeiro gol da Atalanta na partida (Foto: Paolo Magni/Eco di Bergamo)
A Atalanta não teve dificuldades para derrotar o Frosinone por 2 a 0, no domingo (30/08), pela segunda rodada da Serie A. Essa foi a primeira partida dos neroazzurri no Estádio Atleti Azzuri d'Italia pela competição. O zagueiro Stendardo abriu o placar aos 21 minutos, enquanto Papu Gomez deu números finais a partida, aos 69 minutos.

A Dea não encontrou dificuldades contra o caçula e um dos adversários mais frágeis do campeonato. Foram 25 finalizações atalantinas, sendo 11 certas, contra 14 chutes dos frusinati, sendo apenas quatro em direção ao gol. Apenas no primeiro tempo, foram 16 tentativas dos bergamascos, contra cinco dos visitantes. A posse de bola também foi massacrante em favor da Atalanta: 61% a 39%.

Apesar da vitória fácil, a partida mostrou algumas falhas graves que precisam ser resolvidas. A Atalanta foi melhor, mas teve dificuldades para transformar as oportunidades em gols. Substituto do lesionado Denis, Pinilla apareceu pouco fora da área e ainda desperdiçou um pênalti aos nove minutos de jogo. O técnico Edy Reja claramente usou o jogo para dar ritmo e entrosamento da equipe com o esquema tático 4-3-3. Mesmo com desempenho mediano do trio ofensivo formado por Gomez, Moralez e Pinilla, o treinador deixou os três em campo até o final.

Leali foi um dos melhores em campo (Foto: Paolo Magni/Eco di Bergamo)
Os zagueiros Rafael Tolói e Gabriel Paletta, que chegaram durante a semana, foram opções no banco de reservas. Cherubin e Stendardo  ganharam novas chances como titulares. Não comprometeram, mas sofreram com o meio de campo pouco entrosado que deu espaços para alguns lances isolados de perigo do Frosinone. Erros que não seriam perdoados contra uma equipe mais qualificada.

Mesmo em ritmo de treino, o goleiro dos leões, Leali, foi o grande nome do confronto. O arqueiro foi o grande responsável pelo Frosinone não ter saído de campo com uma goleada. Mas ele não pôde evitar os dois gols da Atalanta. No primeiro, Stendardo aproveitou a bola resvalada da esquerda para empurrar para às redes na pequena área. Já o segundo foi uma obra assinada por Gomez. O argentino ganhou a bola no meio campo, avançou em velocidade, cortou a marcação e encheu o pé para acertar o cantinho direito de Leali.

FICHA TÉCNICA

Estádio: Atleti Azzuri d'Italia
Cidade: Bergamo, Lombardia
Árbitro: Domenico Celi
Assistentes: Giorgio Schenone e Stefano Alassio
Gols: 21' Stendardo, 69' Gomez (ATA)
Cartões amarelos: Pinilla (ATA); Blanchard, Diakite, Paganini, Dionisi (FRO)

ATALANTA (4-3-3): Sportiello; Masiello, Stendardo, Cherubin, Dramé; De Roon, Grassi (68' Migliaccio), Kurtic (76' Giorgi); Moralez, Pinilla, A. Gomez (88' Estigarribia)
Reservas: Bassi, Radunovic, Raimondi, Bellini, Conti, Brivio, D'Alessandro, Estigarribia, Migliaccio, Monachello, Toloi, Paletta
Técnico: Reja

FROSINONE (4-4-2): Leali, Rosi, Diakitè, Blanchard, Crivello; Paganini (74' Tonev), Gori, Gucher, Soddimo (69' Carlini); Longo (45' Ciofani D.), Dionisi.
Reservas: Zappino, Russo, Frara, Verde, Ciofani M., Pavlovic, Sammarco, Chibsah, Bertoncini.
Técnico: Stellone
Paletta foi apresentado em Bérgamo (Foto: Atalanta.it)
Depois de Rafael Tolói, a Atalanta acertou a segunda contratação para a defesa. O ítalo-argentino Gabriel Paletta, de 29 anos, chega por empréstimo até o final da temporada junto ao Milan. Com essa contratação, a Dea encerra o mercado  de transferências para o setor. Paletta vai vestir a camisa 29 e tem a missão de substituir Biava e Benalouane, que deixaram o clube em agosto.

O defensor começou a carreira no Banfield, em 2004, e se transferiu ao Liverpool, em 2006, onde fez apenas três jogos em uma temporada. De volta à Argentina, Paletta vestiu a camisa do Boca Juniors em 59 partidas, entre 2007 e 2010, quando foi vendido ao Parma. Na Itália, o zagueiro/lateral entrou em campo em 123 ocasiões, antes de chegar ao Milan, no início de 2015.