TUDO QUE A ATALANTA NÃO PRECISAVA

ATAQUE INOPERANTE, MEIO CAMPO POUCO CRIATIVO E JOGADORES MAL APROVEITADOS SE MISTURAM NO BOLO DA NOVA ATALANTA

Atalanta tem pior início de temporada desde que voltou à Serie A (Foto: Paolo Magni/Eco di Bergamo)
Mesmo com todas as limitações, a Atalanta chegou a sonhar com uma vaga na Europa League na temporada passada. Porém, esbarrou nos problemas de lesões, principalmente na defesa, e na falta de opções de reposição para o setor ofensivo. Aliás, o ataque atalantino vem sendo um dos calcanhares de aquiles do time. 

Desde que voltou à Serie A, na temporada 2011-12, a Atalanta marcou 125 gols, incluindo as seis primeiras rodadas do atual Campeonato Italiano. Entre todas as 13 equipes que estão na primeira divisão desde 2011, a Dea tem o terceiro pior ataque, ficando à frente apenas de Cagliari (121 gols) e Chievo (111 gols). Para tentar solucionar esses problemas, a bergamasca foi ao mercado e trouxe nomes interessantes, como dos atacantes Rolando Bianchi (Torino) e do jovem Richmond Boakye (Juventus). Além da dupla, Marco D'Alessandro (Cesena/Roma) e Salvatore Molina (Modena) se juntaram a Marcelo Estigarribia (Deportivo Maldonado-Chile), contratado em definitivo, para reforçarem a criatividade do meio campo. Mesmo com a saída de Giacomo Bonaventura, negociado com o Milan, o bom Alejandro Gomez, ex-Catania e Metalist/UCR, foi adquirido para substituir o camisa 10. Além deles, Maxi Moralez, Luca Cigarini, Daniele Baselli e Carlos Carmona completam as boas opções para o meio.

A ideia do técnico Stefano Colantuono era repetir o esquema tático 4-4-1-1 que deu muito certo na temporada 2011-12. Na ocasião, o treinador escalou Ezequiel Schelotto aberto pela meia direita, como um ala, e Simone Padoin na mesma posição pelo lado esquerdo. Os dois apoiadores tinham a companhia do lateral esquerdo Federico Peluso e de Bonaventura, como meia-atacante centralizado. Não por acaso, Padoin e Peluso foram negociados com a Juventus, Schelotto foi para a Inter de Milão e Bonaventura, agora, se transferiu ao Milan. Para Colantuono, Estigarribia pode fazer a ala direita e Gomez a ala esquerda, além de Boukary Dramè na lateral esquerda e Boakye como o segundo atacante.

Estigarribia lesionado defendendo o Paraguai (Foto: Reprodução)
Só que o plano de Colantuono não deu certo. A saída de Bonaventura teve um peso maior do que era imaginado. Os laterais, Dramè, pela esquerda, e Davide Zappacosta, pela direita (fruto das categorias de base) são as principais surpresas positivas. No entanto, o meio campo vem decepcionando. Cigarini e Gomez estão rendendo muito abaixo do esperado. Estigarribia, embora apagado em alguns momentos, estava sendo o melhor jogador do setor. No entanto, o paraguaio sofreu uma grave lesão de rompimento do ligamento cruzado do joelho direito enquanto defendia sua seleção nacional, em amistoso contra a Coréia do Sul, no último dia 10 de outubro. O ex-jogador da Juventus passou por procedimento cirúrgico em Barcelona, na Espanha, e o tempo estimado para recuperação total é de seis meses. Ou seja, Estigarribia está fora da temporada.

Para piorar a situação, o ataque não funciona. Boakye ainda é inconstante e Denis tem seu pior início de campeonato desde que se transferiu a Bérgamo, em 2011. O argentino é o atalantino com pior média de notas dadas pela imprensa em todos os jogos do campeonato. É bom ter um time organizado, que saiba tocar a bola, mas também é necessário ter ousadia. Stefano Colantuono tem bons e talentosos jogadores à disposição, mas usa pouco do potencial do elenco. A Atalanta não tem o pior ataque da Serie A somente por azar ou incompetência dos atletas, mas também é por medo. Os neroazzurri finalizam em média 12 vezes por jogo. Entretanto, a média de chutes em direção ao gol é de apenas três por partida.

Dizer que Denis, Boakye, Gomez, Moralez e Cigarini são incapazes, é mentira. A questão é que a equipe precisa ser melhor treinada, principalmente para concluir melhor seus ataques. Colantuono teve duas semanas para fazer os ajustes necessários, mas não poderá contar mais com Estigarribia. A Atalanta pode entrar na zona de rebaixamento se não derrotar o Parma. A esperança de uma campanha melhor não pode se tornar em desespero, senão, a crise será instaurada em Bérgamo e o fantasma da Serie B poderá voltar a assombrar.

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